Resenha: O BRUXO


O BRUXO
Romance de Maria Adelaide Amaral
editora GLOBO
200 PÁGINAS
ano 2000
3º edição


Ah... o chamado universo feminino... Maria Adelaide Amaral é escritora de origem portuguesa, radicada no Brasil e é jornalista;  dedicou-se à construção de roteiros e adaptação de livros clássicos para novelas, como por exemplo, A MURALHA ou A CASA DAS SETE MULHERES, OS MAIAS, além de escrever novelas originais como Ti-Ti-Ti que acabou por receber prêmio de melhor novela do ano como obra original. Em seu currículo há dezenas de obras interessantes.

O BRUXO, porém, romance, não funciona adequadamente como obra literária de maior fôlego. É um romance médio. Parece que feito para cumprir um patrocínio. O romance se parece muito com um roteiro não decupado onde prevalece o domínio do diálogo direto e pouca descrição de ambientes e pessoas. O BRUXO não apresenta interesse em se manter como boa obra da literatura, e, com o galardão e valores de Maria Adelaide Amaral, bem que isso seria possível; faltou tirar dele um padrão, um paradigma, uma referência para a ficção moderna. Usa e abusa de clichês do universo feminino.
Para quem é leitor de livros como Sabrina, Bianca, por exemplo, a leitura é bem direta será favorável. Faz parte do universo de uma sessão da tarde. É mais uma novela de situações bem corriqueiras tomadas como drama que emociona para quem tem lágrimas fáceis para verter. Algo assim como um efeito de melancolia pós-prandial.
A ambientação é limitada onde a heroína é dona de todas as atitudes e intenções. Sugere-se algo metafísico com o tal Bruxo, é um gancho que chama atenção, mas não rende adequadamente. As mulheres dominam a história e, ao redor da heroína, como satélites que lhe alimentam as emoções, giram familiares e amigos que entram e saem como coadjuvantes de luxo. Não há profundidade nas análises emocionais, isso, quando há análises. Dá a impressão que se trata de um livro de encomenda para sair na esteira de algum sucesso de TV.
Não faltará a participação da doencinha da moda que vem assombrando leitores desde Love Story. Não há drama sem um bom câncer nas estrelas e as pessoas choram... choram... choram...
Suas melhores obras são as adaptadas por que, provavelmente, vai na entrelinha a arte do escritor original – Eça de Queiroz, Dinah Silveira de Queiroz e Letícia Wierzchowski.
O BRUXO é obra simples, sem originalidade estilística nem de ideias; há certa pretensão de drama passional que não cola nem decola; a história transcorre como mais uma ‘soap opera’ que pode terminar em qualquer parte do romance que não fará diferença alguma. O BRUXO é obra descartável; passatempo sem resultados; obra em que se lê palavras, mas, a cabeça, porém,  voa para outros interesses.
Talvez o maior charme do livro seja justamente esse de não fazer qualquer diferença para o leitor. Entra-se e sai-se do livro sem que sua emoção seja tocada. Não há lição de moral, não há catarse, não há a necessidade de lê-lo, enfim.
É daqueles livros que facilmente esquecíveis.
Cabe nele uma série de cenas corriqueiras e cotidianas, incluindo o truque de usar empregadas domésticas que palpitam na vida do patrão, como acontece nas novelas diárias.
A minha sugestão é que não perca seu tempo com esta obra. Há obras melhores. Inclusive as adaptações que a mesma Maria Adelaide Amaral fez para TV.
Mas, pergunto-me, para que ver adaptações se se pode usufruir do original?

Eis uma questão para o leitor decidir.

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